21 maio 2017

"rato"

Da Enciclopédia Ilustrada:

Estou aqui há 24 horas a pensar se conto ou não conto. É que há coisas de que preferia não falar, porque trazê-las à luz das palavras pode implicar ter de mudar de vida...
Bem, cá vou eu de cabeça: alguém aqui usa veneno de ratos?
Eu... gulp... enfim, lá na quintinha minhota é um sarilho. Entram por todos os buracos das paredes (e se elas os têm!), metem-se pelos armários, roem, estragam, sujam.
Se penso nas dores lancinantes com que morrem, encho-me de pena e vergonha. Mas se penso no raio dos bichos a subir-me pelas paredes quando estou a almoçar, esqueço logo os imperativos morais.
No verão passado, por exemplo: comprei umas chouriças maravilhosas na feira, e para as deixar ao ar sem os ratos lá chegarem espetei uma colher de pau, de plástico muito liso, num buraco da trave por cima da lareira, e pendurei as chouriças na ponta. Para os ratos, seria uma subida de mais de 2 metros a pique, e depois um percurso tipo sobre o arame até chegar às chouriças, suspensas por um cordel fino sobre o vazio. Estava toda contente com a solução. Até ao dia em que fiquei doente na cama, com o cão muito solidário aos meus pés. Às tantas reparei que o Fox estava todo concentrado no pilar da lareira. Olhei também, e vi uma mancha negra a descer lentamente. Primeiro pensei que fosse um escaravelho gigante e peludo, mas depois reparei que era um rato a descer pelo granito, de cabeça para baixo. Fui às chouriças: estavam ratadas!
E o Fox, no meio disso tudo? Impávido e sereno, como se estivesse a ver um programa do Natural World sobre uma espécie protegida e em vias de extinção.
Em vias de extinção, quem me dera! Não lhes perdoo aquelas chouriças.
E assim vai a vida: tenho um cão um pouco maior que uma ratazana que é tratado com todos os cuidados e carinhos, e provoco sofrimento e morte a outros animais que não quero ter por perto. Animais esses que noutras famílias são considerados domésticos, e tratados com todos os cuidados e carinhos.
Não devia ter lido o livro do Génesis. Isto de sermos responsáveis pela Criação só me dá dores de cabeça...


1 comentário:

jj.amarante disse...

Morei numa casa velha de rés-do-chão e primeiro andar na rua dos Mártires da Liberdade no Porto onde havia ratos e se punha trigo roxo na despensa. Nos apartamentos de Lisboa que têm sido casas mais modernas não têm aparecido ratos mas se aparecessem desratizava sem problemas. Os ratos propagavam a peste e outras doenças. Pode combatê-los de forma ecológica com gatos mas nesse caso não pode sobrealimentar os gatos com essas comidas de supermercado, tem que mantê-los esbeltos e com alguma fome.